Penúltimo dia de 2009. Eu estou em Brasília e me preparo para ir passar o Reveillon com a Roberta e a família dela em Cabo Frio. Acordo mais tarde, é uma quarta-feira. Meu voo parte às 14:10 rumo a Confins. O Caminho é simples: Brasília - BH - Rio - Cabo Frio. O Gustavo ficou falando que não conhecia ninguém que tivesse ido para Cabo Frio de avião. Nem eu. Naquela manhã, decido não colocar o terno. Penso: São só duas horas no ministério e vou para o aeroporto. Venho para o ministério. Nada demais. Saio mais cedo, tentando me antecipar às filas do check in. Tudo certo em Brasília. Pequeno atraso na saída do voo, mas eu estou tranquilo. Minha conexão em BH é folgada. Não almocei em Brasília. Planejei um almoço no Spoletto de Confins. Pego o avião para BH. Chego com tranquilidade e faço logo o chek in para o voo para o Rio de Janeiro. Livre da mala, vou almoçar. Tudo perfeito, como planejado. Para melhorar, encontro com o Tio Decinho na sala de embarque. Colocamos o papo em dia. O tempo passou rápido e o voo para o Rio saiu na hora. Previsão de chegada no Rio: 19:20. Tempo suficiente para pegar o voo para Cabo Frio às 21:40. O voo para o Rio transcorre sem problemas até o final. Na chegada à cidade, está chovendo muito e o comandante resolve arremeter. Ficamos dando voltas no céu. O aeroporto de Santos Dumond fecha. O comandante avisa que aguardaremos em posição de descida a abertura do aeroporto por vinte minutos e, caso não abra, desceremos no Galeão. Puta que pariu! Penso na minha conexão. Tento manter a calma e focar na descida em Santos Dumond. O tempo passa, a chuva aumenta e descemos no Galeão. O comandante informa a todos que a TAM está providenciando com o pessoal de terra o transporte dos passageiros para o aeroporto de Santos Dumond, seja por ônibus ou através de uma decolagem e pouso. Torço para a última opção, mas ela não dura mais que cinco minutos. Somos desembarcados. Pego a minha mala e, antes de qualquer outra coisa, ligo para a TRIP, para verificar a situação do meu voo para Cabo Frio. São cerca de 20:15. O atendende diz que o avião já está na pista e que se eu não chegasse em Santos Dumond até as 21:10, não poderia embarcar. Corro para tomar um táxi para Santos Dumond. Não há táxis disponíveis no Galeão. Vou para a fila do ônibus "frescão". Todos passam lotados. O tempo passa. Perdi meu voo para Cabo Frio. Decido ir para a rodoviária. Tento ligar para a Viação 1001 para saber qual é o próximo ônibus para Cabo Frio. A bateria do meu telefone vai apitando. Está acabando. As linhas da viação não atendem. Estão sobrecarregadas. Resolvo economizar o dinheiro do táxi (R$ 80,00) e ir de ônibus (R$ 4,00 - cortesia da TAM). Nas próximas três horas, sou o primeiro da fila para pegar o ônibus. Todos passam lotados. Estou com fome, com sede e apertado para ir ao banheiro. Desisto da fila. Pensei: se passar agora ou daqui a uma hora, não faz mais diferença. Fui ao banheiro e depois cheguei ao Bob´s, que estava fechando. Ainda deixaram eu fazer o meu pedido. Que sorte! Saí na hora certa. Comi o meu sanduíche, saboreando cada pedaço. Quando estava terminando a última mordida, ouço no sistema de som do Galeão: "Voo Trip com destino a Cabo Frio. Embarque imediato. Portão 4." Pensei: É O MEU VOO! É O MEU VOO! Saio correndo sem saber para onde ir. Ligo para a TRIP (que não tem balcão no Galeão, só em Santos Dumond). O atendente me diz: Sr. Édio, corre para o check in n°50. Estou no Terminal 2. O check in n° 50 fica no Terminal 1. Meu celular está avisando que a bateria vai acabar, mas resolvo não desligar o telefone. Vou falando com o atendente da TRIP. São 00:15 e estou correndo igual a um louco no Galeão para chegar ao Terminal 1. Ultrapasso três esteiras rolantes correndo. "Run Forrest", pensava. Chego ao Terminal 1. Nem precisei ir até o check in 50. Logo na altura do check in 11 encontrei um atendente da TRIP. "Estou salvo. Graças a Deus!" Exclamei. Segurei o atendente pelo braço. Sem fôlego, não conseguia explicar a minha situação. Tudo o que consegui fazer foi passar o meu celular para ele e dizer: "Fala aqui com a Trip. Eu estou neste voo para Cabo Frio.". Ele não entendeu nada, pegou o meu telefone e começou a conversar. Parece que conhecia o interlocutor. A conversa foi tomando um rumo inesperado. Parece que eu não poderia embarcar. Não consegui argumentar, ele me devolveu o celular e saiu andando. Corri atrás do atendente, que passou pelo portão da sala de embarque dizendo: "Eu não posso atrasar mais duas horas este voo por causa de um passageiro." Foi triste. Fiquei ali, em pé. Terminal 1. Sem esperanças. Resolvo voltar para a idéia original. Ônibus, rodoviária, Cabo Frio. Descubro que o último ônibus passou as 23:30. O próximo será as 05:30. Decido tomar um táxi. Não consigo. A GOL resolveu mandar todos os passageiros dos seus voos desviados para o Galeão de táxi para o Santos Dumond. Tento entrar em um táxi fingindo que a TAM havia dado um voucher. Não consigo. O rapaz que organiza a fila do táxi me dá esperanças. Diz que vai arrumar um carro para me levar. Combina o preço comigo. R$ 60,00. Eu choro um desconto. Pago R$ 50,00 e me vejo entrando em um carro particular. Um Pálio branco. Penso em não entrar, mas o cansaço não me dá escolhas. Entro no carro. O motorista diz que é taxista mas que a noite quem roda no táxi é o cunhado dele. Mas que por causa da chuva e da confusão, ele resolveu ganhar um dinheirinho extra naquela noite. Me pergunta para onde eu estou indo. Digo "Cabo Frio". Aí ele me pergunta se eu não topava que ele me levasse lá por R$ 200,00, desde que a gente pudesse passar na casa dele e pegar a esposa e os dois filhos. Argumentou que além dos R$ 50,00 da corrida, eu ia gastar mais R$ 60,00 com o ônibus, além de ter que ficar muito tempo na rodoviária. É óbvio que eu não topei e em dez minutos chego na rodoviária do Rio. Penso que no taximetro, aquela corrida não valeria mais de R$ 15,00. Tudo bem, eu teria pago R$ 80,00 antes. Corro para comprar uma passagem para Cabo Frio. Más notícias, o próximo ônibus com lugar sairia apenas no outro dias, as 09:40. Começo a perguntar pelos ônibus de Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia e cidades próximas e consigo uma passagem para São Pedro às 07:14. Pago R$ 23,00 pela passagem. Seriam sete horas de espera na rodoviária do Rio. Encarei. Li, escutei música, comi, dormi, li, andei, escutei música. O tempo não passava. Sentado na praça de alimentação, estávamos eu e um monte de jovens surdo-mudos conversando sem parar durante toda a madrugada. Fiquei escutando meu Ipod e vendo aqueles braços irem de um lado para o outro, como um balé ao som de rock. Quando eram 06:30, resolvi descer para a plataforma. Lotada. Um inferno. Ônibus saindo de 5 em 5 minutos para todas as cidades do Rio. Todos atrasados. Meu ônibus só chegou as 07:40 da manhã. Pensei: vou ser o primeiro a entrar, vou sentar no meu lugar e finalmente dormir um pouco. Acabou que fui o último. Era o único que tinha mala para por no bagageiro, e o motorista se recusava abri-lo. Fiquei esperando o cobrador para guardar a minha mala. Quando entrei no ônibus, fui recebido por um bêbado, que gritou: "eu quero sentar longe do gordinho". Risos no ônibus. Eu, cansado, passei reto para o meu lugar, mas o motorista, irritado com as gracinhas do bêbado, chamou o segurança da rodoviária e disse que não sairia enquanto o bêbado não parasse de falar. Lá fomos nós esperar o segurança intimidar o bêbado que, na verdade, só parou quando um moleque mal encarado e com o cabelo descolorido à moda Belo sentou do lado dele e mandou ele calar a boca. A viagem até São Pedro durou quatro horas, que passaram rápido demais para mim e, quando eu me vi, estava sentado na rodoviária de São Pedro da Aldeia, de frente para o mar, ao meio-dia do dia 31 de dezembro, vendo o dia ensolarado escurecer e os primeiros trovões chegarem ao litoral. Após 24 horas de viagem, chegamos à praia. Eu e a chuva.
18 dias no Japão
Há 7 anos
Se não foi o pior dia da sua vida, foi o pior dia do ano, não tenho dúvidas. Hahahahaha.
ResponderExcluirEstou aqui quase fazendo xi-xi com a minha mãe, não conseguia terminar as frases(mesmo elas sendo curtinhas), que eu já estava rindo e minha mãe abracando o travesseiro, ra-xan-do. Hahahaha!
Desculpa o desabafo.
Mas sério, espero que depois destas 24 horas, o seu final de ano tenha sido melhor(não tenho dúvidas que foi, correto?) e te desejo dias loooonge de rodoviárias, onibus, e exclusivamente de bebados idiotas(fico puta, pô! também sou gordinha! hahahaha), e desejo dias booons, e sim, nos aeroportos(para você vir sempre pra cá!).
É isso, Primo! :)
Beijo!
"Eu quero sentar longe do gordinho!". Muito foda.
ResponderExcluirtudo vira historia.....
ResponderExcluire nem chuveu...
Na hora que eu chegueim choveu sim. Depois do ano novo, não choveu mais nem uma gota.
ResponderExcluirmas e aí? foi andando até cabo frio? rsrsrsrs (isso é que é amor) 24 horas até cabo frio, digo, são pedro da aldeia, rsrsrsrsrsrs. Melhor sorte esse ano! Bela história!
ResponderExcluirPessoa de sorte, você, hein! rs
ResponderExcluirpois eh....
ResponderExcluire eu continuo nao conhecendo ningem que foi de aviao pra cabo frio... so pra guarapari...rsrsrs