domingo, 30 de novembro de 2008

The Skatalites

Os meus leitores poderão achar que eu estou tentando aproveitar do sucesso obtido nos textos em que o Fusca aparece como protagonista, acho que não é o caso. Mas devo admitir que o Fusca já rendeu algumas histórias a este blog, como a que eu vou contar agora, que ficou conhecida como "a do Mudinho da Savassi". Agora, quando as pessoas lhe perguntarem se você conhece a do Mudinho da Savassi, quero ver você ficar calado! Esse final de ano tem sido bastante corrido, em termos de compromissos sociais. Estive em Belo Horizonte entre 21 e 24 de novembro, e mal parei em casa. O primeiro compromisso, no entanto, era logo no dia 21. Aniversário do Gustavo, comemorado no Hard Rock Café, com direito a banda Chevette Hatch! Estava louco pra ir lá, ainda não fui no Hard Rock Nova Lima e estou bastante curioso. Sabia que estava com um cronograma apertado para aquele dia. Combinei de pegar a Roberta na casa delas entre 22:00 e 22:30. Para vocês terem uma idéia, o avião saía de Brasíli as 19:15. No avião, vim curtindo Skatalites, uma das mais antigas bandas de ska (do início dos anos 60), ainda em atividade, e que passou pelo Brasil nesse ano (e eu perdi). Eles tocavam o "James Bond Theme". Linda versão que resumia bem o espírito de "missão impossível" no qual eu estava imbuído. Para a minha sorte, estava tudo dando certo naquele dia e as 21:40 estava entrando na minha casa. Logo olhei para o bar, e já vi as chaves do Fusca. Tomei um banho apressado e desci correndo para o carro. Ainda encontrei com o meu pai chegando no elevador. Me segurei para não pedir o outro carro emprestado, já que não estava com tempo para discutir o assunto com ele. Liguei o Fusca e fui. Peguei o Leo, a Fabi, a Roberta e resolvi que deveria parar no postinho da Savassi para "colocar R$ 20,00". Depois disso, a noite seria outra. Quem disse que o carro ligava após o abastecimento? Realmente, eu tenho que concordar com o Leo. Esse Fusca é um carro de personalidade própria. Tentamos a primeira, nada. A segunda, nada. A terceira, nada. Tensão. Apareceram os curiosos. O postinho estava cheio. Resolvemos que teríamos que empurrar o carro. Logo surgiu o problema da falta de espaço. Empurramos ali mesmo no posto. O Leo já no volante, por razões óbvias. Apareceram então um segurança, já metendo a mão no motor. "É gasolina!". "Acabamos de abastecer." "Então só pode ser óleo, eu tenho um Fusca." "Não é não, pode confiar, é bateria." "Que bateria rapaz..." E mexe no motor... Resolve ajudar a empurrar. Eis que aparece um outro simpático, para por a mão na massa. Esse calado, não deu palpite algum, limitando-se a ajudar a empurrar. Nem boa noite disse. Achamos estranho, mas ajuda é ajuda, não podemos recusar. Mais umas cinco tentativas depois, eu desisti. Resolvi que era hora de tomar uma cerveja e tratamos de "estacionar" o Fusca ali no Posto. Abro a cerveja e ligo pro meu pai... Eram já quase 23:00 e a Roberta tinha que estar em casa nas próximas duas horas. Meu pai, já meio dormindo, diz... "desliga o segredo". O segredo! Ninguém se lembrou do segredo. Ninguém se lembrou de que o Fusca só funciona com a porta fechada... ou da dedada! Puta que pariu! Vamos empurrar outra vez, dessa vez, com o segredo desligado. O drama recomeça, o segurança sumiu, mas o outro rapaz ainda estava lá. Voltamos a fazer os esforços para empurrar o Fusca. Nessa hora, vi que o rapaz era mudo, porque a medida que íamos empurrando, o rapaz ia ficando nervoso. Queria gritar "aperta o botão", mas não saía... Queria sugerir "vamos fazer uma chupeta". Não saía. Queria emprestar o seu próprio carro, ou de uma amiga, não sei, mas não saía. A Fabi logo comentou que esse era o mudo mais falastrão que ela conhecia. "Esse mudo não cala a boca". A mim, eu achei que ele havia pedido uma graninha, mas nessa hora eu olhei sinceramente pra ele e disse "irmão, não conseguindo entender". O mudinho, depois de muito sugerir, conseguiu levar o carro para a Getúlio Vargas. Lá, era uma técnica mais complicada, que era a de "pegar no tranco de ré"! Isso exigia empurrar o Fusca na subida. Estava suando igual a um porco nessa hora. Foram mais umas cinco tentativas assim antes de o Fusca pegar. Quando o Fusca pegou, o Leo foi dar umas voltas no quarteirão para "firmar". Enquanto isso, decidimos ir para "A Obra", dado o atrasar da hora e considerando que a Roberta estava a poucos quarteirões de casa. Assim, o Leo voltou para o posto e resolveu "testar" o Fusca. Não funcionou. De repente, aparecem na porta da Obra o Leo e o seu novo amigo mudo, conversando normalmente sobre o Fusca. Eu achei, por um momento, que o mudo ia entrar na Obra com a gente, mas não. Enfim, nem a Fabi, nem a Roberta conheciam a Obra, um dos lugares mais frequentados por mim e pelo Leo. E foi legal a noite. Claudão de DJ, tocando de tudo e variado. Ska, punk, rockabilly, Beatles. Logo pedi ao Claudão para colocar o "James Bond Theme" tocado pelo Skatalites. Um belo final resumindo a noite. Não foi daquela vez que eu iria no Hard Rock. E foi a primeira vez que o Fusca me deixou na mão. O pior foi saber que ainda teríamos que empurrar o Fusca para voltar pra casa. Mas a da volta foi fácil. O Fusca estava de bom humor e pegou de primeira. E eu voltei pra casa com o Skatalites na cabeça.

6 comentários:

  1. amor, vc esqueceu de contar que o mudinho empurrou o carro sozinho quase o tempo todo...rs
    pra quem nao acredita, e so olhar a foto...rsrsrsrs

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  2. No final das contas deu tudo certo. Tirando que eu queria ter conhecido o Hard Rock. Mas eu gostei da ida a obra. Fiquei achando que o mudinho falante ia entrar com a gente lá também. Hahaha.
    Quando é pra sair de fusca já vou preparada com um sapato bem baixo.

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  3. hahaha!
    Melhor que o post foi sem dúvida o comentário da Fabi! Realmente, nesses momentos em que os Fusca nos deixam na mão, nada melhor que um sapato baixo ou ainda um tênis! (vai aí a dica! rs)

    Bjos!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Eu achei que esse post, por ser sobre o fusca, teria mais comentários.

    Pelo visto o fator fusca não é determinante para comentários em grande número.

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  6. É Fabi, o fator Fusca já não dá mais pra ser explorado. Hahahahaha

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