quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Which country is bigger?

A inclusão social através dos meios digitais chegou. E tenho certeza de que veio para ficar. A cada dia que passa tenho mais provas concretas disso. Vejo que os brasileiros, de todas as classes, estão experimentando os benefícios e oportunidades surgidas com o crescimento e desenvolvimento do nosso pais. Prova disso me ocorreu hoje pela manhã, quando chegava ao Ministério. Tomei o elevador rumo ao 9° andar. O elevador estava cheio como de costume. Olhei em volta e lancei um "bom dia", só para sentir o clima. Obtive dois ou três "bons dias" em retorno. Normal. Todos calados. Ouve-se apenas um som em inglês, que vem do fundo do elevador: "Which country is bigger? China or Canada." Na mesma hora olho para trás, tentando identificar a origem daquela frase. Vejo um senhor, branco, grisalho, de terno. Talvez um executivo, ou advogado. Uma jovem de cabelos castanhos, que identifiquei como uma estagiária. Uma senhora negra, aparentando os seus sessenta e poucos anos, na minha imaginação, alguma servidora administrativa. Vejo também um senhor, negro, também de terno, de meia idade, que imaginei ser um engenheiro, ou assessor. "Canada is bigger than China." Hum, olho mais uma vez. O elevador pára no 5° andar. Descem os dois senhores de terno. "Correct. Repeat". Pára no sexto. Desce a jovem. "Which country is bigger?" Agora estamos apenas eu a senhora no elevador. Percebo que ela usa fones de ouvido. "Canada or China?" Descemos ambos no 9° andar, cada um para o seu lado. E eu estou espantado até agora...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Falando em Beatles, Joe Cocker!

Percebi que estou dedicando esta semana aos Beatles. Não é de propósito. Coincidência. Hoje pela manhã a Laura me mandou uma versão que os Detonautas gravaram de Come Together, que deverá compor mais uma coletânea de músicas dos Beatles gravadas por artistas brasileiros. Com certeza, mais um álbum que em nada acrescentará à discografia nacional. Mas, já que estamos falando de Beatles e de covers, me lebrei do Joe Cocker. Para os desavisados, Joe Cocker é o detentor de um dos maiores vozeirões da música. Grande compositor de sucessos como Unchain My Heart, You Are So Beautiful e You Can Leave Your Hat On, Cocker conquistou a fama inicial por sua versão de With a Little Help From My Friends, dos Beatles. Enquanto os Beatles lançaram a faixa em 1967, no místico álbum Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band, a versão de Cocker saiu pouco depois, em 1968, sendo destacada como faixa principal e que dava nome a seu álbum de estréia. Entretanto, ao contrário do que fizeram os Detonautas (que com o perdão do trocadilho, detonaram Come Together), Cocker deu à música de Lennon e McCartney a sua versão definitiva. Centenas de artistas já fizeram cover dos Beatles, entretanto, na minha concepção, somente Joe Cocker conseguiu uma versão superior à original. Tanto que, impressionados com a versão de Cocker, os Beatles chegaram a mandar um telegrama congratulando o artista, e ainda permitiram que fossem feitas versões de She Came Through the Bathroom Window e Something. Ao longo de sua carreira, Joe Cocker ficou famoso por suas versões de outros artistas, em especial, dos Beatles, de quem também gravou I´ll Cry Instead e, mais recentemente, em 2007, fez uma participação especial no filme musical Across the Universe interpretando Come Together. Para chegar à versão definitva de With a Little Help From My Friends, Cocker contou com um time de feras no estúdio. A faixa traz Jimmy Page nas guitarras. À época, Page ainda não exibia seu talento como líder do Led Zeppelin, mas já trabalhava com os Yardbirds e era o mais respeitado músico de estúdio de Londres. Na bateria, B. J. Wilson, baterista da banda de rock progressivo Procol Harum, famosa por sua Whiter Shade of Pale. Por fim, nos teclados, Steve Winwood, reconhecido por seus trabalhos com o Spencer Davis Group, Traffic e Blind Faith. Com sua versão, que é praticamente uma nova música utilizando a letra de McCartney (segundo a lenda, Lennon contribuiu com apenas um verso da música), Cocker causou alvoroço em Woodstock. Sobre o festival, descreveu o cantor: "Tivemos uma reação emocionante quando tocamos With a Little Help From My Friends. Foi como um sentido maravilhoso de comunicação. Era o último número do show, eu lembro, mas senti que finalmente tínhamos nos comunicado com alguém.". Com a música, Cocker atingiu o topo das paradas britânicas no ano de 1968. Outras duas regravações da música ainda atingiriam a mesma posição. Em 1988, com o grupo Wet Wet Wet e em 2004 com Sam and Mark. Outras dezenas de versões da música foram gravadas. Nenhuma delas, entretanto, chegou aos pés da versão definitiva, de Joe Cocker. Com certeza, uma das minhas músicas favoritas desde a infância, quando servia como tema de abertura de Anos Incríveis. Fico por aqui hoje, com saudades das aventuras do Kevin Arnold, que, de certa forma, me inspiraram no formato deste blog.
Tirem suas conclusões:
With a Little Help From My Friends

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Beatles no Brasil - Get Back Tour 2009

E se os Beatles resolvessem sair hoje em uma turnê mundial, qual seria o set list dos shows? Qual seria a música de abertura? E a de encerramento? Ontem a noite me surgiu essa pergunta durante o show do Jerry Lee Lewis. É que as vezes eu fico pensando. Como é que uma banda com tantos sucessos prepara um set list? Um set list que, ao mesmo tempo, agrade a todos os fãs (ou seja, que garanta que você vai ouvir a sua música favorita), e que ainda mantenha o show aceso, procurando mesclar músicas agitadas e baladas - de todas as fases - sem deixar com que o show pareça cansativo, ou longo (o show teria aproximadamente 90 minutos), e ainda deixar os fãs se perguntando qual será a próxima música, aguardando o melhor para o final. Os Beatles, na qualidade de banda de rock mais cultuada do mundo, seria, dentre todas as bandas, a que teria maior dificuldade em montar o repertório, já que, ao longo de sua trajetória, passaram dos covers para o iê-iê-iê, para a psicodelia e para o pop, tudo com a mesma popularidade e qualidade. Além disso, pararam de se apresentar ao vivo no auge da carreira. Nesse caso, muitas músicas nunca foram sequer apresentadas ao público em shows. Some-se a isto o fato de que, depois do fim dos Beatles, todos os seus integrantes fizeram sucesso em carreira solo, e o repertório do show deveria contemplar pelo menos uma música do repertório individual de cada um deles, o que demonstraria que todos são, individualmente, bem sucedidos e não dependem da fama de "ex-Beatle". Por fim, o repertório deveria conter um toque de modernidade, para mostrar que as músicas dos Beatles se mantém atuais. Eis a minha sugestão de repertório, considerando tudo o que foi dito:
1. Day Tripper 2. Come Together 3. Don´t Let Me Down 4. Back In The USSR 5. Get Back
  • As primeiras cinco músicas deixam claro que estamos em um show de rock. Os arranjos de guitarra seriam vigorosos, e a banda demonstraria que está com força total e atenta aos dias de hoje.
6. A Hard Day´s Night 7. All My Loving 8. Can´t Buy Me Love 9. Ticket To Ride
  • Na sequência, um tributo obrigatório aos primórdios da banda, sem deixar cair o ritmo do show.
10. Oh! Darling 11. You´ve Got To Hide Your Love Away
12. Here, There and Everywhere
  • Hora de pegar um fôlego. Os "senhores" de Liverpool precisam diminuir um pouco o ritmo. Baladas ao violão, com arranjos minimalistas são uma ótima pedida agora.
13. Penny Lane 14. Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band
15. Magical Mistery Tour
  • A sequencia seguinte traz músicas da fase psicodélica dos Beatles, mostrando a riqueza dos arranjos instrumentais e preparando para o final do show. Apoteótico.

16. My Love (Paul McCartney) 17. Blackbird/Yesterday

18. Let it Be 19. Imagine (John Lennon) 20. Hey Jude

  • Para terminar, as baladas consagradas que não poderiam faltar e que todos conhecem. Além de uma música de Lennon e uma de McCartney. Clima de celebração total no palco e na platéia. Todos cantando juntos.

Bis

21. Live and Let Die 22. It Don´t Come Easy (Ringo Starr) 23. My Sweet Lord (George Harrison)

24. Help
  • Para o Bis, um clássico "ópera" dos Beatles, uma música solo de Ringo Starr, uma de George Harrison e, por último, o maior sucesso da banda. "Help"!

Fim de papo. Na minha cabeça, esse seria o show dos Beatles caso eles resolvessem (e pudessem) se reunir hoje. Com certeza, um show histórico. O maior espetáculo da Terra!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Phil Collins

Esta semana me deu uma vontade de só escutar Phil Collins. Eu já conheço o trabalho do Phil Collins há muito tempo, mas desde que eu assisti, na última sexta-feira, um show organizado em homenagem à Rainha Elizabeth II da Inglaterra, realizado nos jardins do Palácio de Buckingham em 2002 (DVD Party at the Palace), em que o músico aparece em quase todas as músicas, seja cantando, seja tocando bateria, eu percebi o quanto Phil Collins se divertia com a profissão que escolheu. Gostava da música, de participar, não importasse como. Depois, pensando comigo, me lembrei de que na maioria desses shows beneficentes ou reuniões de artistas, Phil Collins é figurinha fácil. Carimbada. O cara é um verdadeiro fominha. E percebi que não é para aparecer não, como fazem outros artistas. É para tocar com os feras mesmo. E nessa mesma sexta-feira, navegando na internet, me deparei com a triste notícia: "Phil Collins não sabe se tocará bateria de novo." A notícia explica que Collins passou recentemente por uma cirurgia e, desde então, não tem mais conseguido segurar as baquetas, o que o impossibilita de tocar o instrumento. Diz ainda que a cirurgia foi realizada para corrigir um deslocamento de vértebra em seu pescoço, e que também o impossibilita de tocar piano. Tudo bem que para o público isso faz pouca diferença, já que Phil Collins já havia anunciado, em maio do ano passado, a sua aposentadoria, alegando que não via mais sentido em passar metade do ano dentro de um avião, e a outra metade entre hotéis e palcos. Sentia que já havia dado a sua contribuição. Mesmo assim, toda vez que vejo um profissional, de qualquer área, desse gabarito, ficar impossibilitado de fazer o que sabe melhor, me dá um sentimento de desespero. Imagino a pessoa, em casa, dentro de seu estúdio particular, ouvindo música, olhando para o melhor kit de bateria do mundo, com a cabeça a mil e lutando contra a frustração de não conseguir segurar nas mãos um par de baquetas, quando, em sua cabeça, elas já estão tocando. Esta semana eu só escutei Phil Collins (e Genesis). Prestei atenção em cada detalhe das músicas, do arranjo da bateria aos sintetizadores. Imaginei as letras. Phil Collins é um gênio. Da bateria, dos arranjos, da voz, das letras. E talvez esteja esquecido no turbulento mundo da música e das mudanças em que vivemos. Ouçam, pois, Phil Collins. "It takes control and slowly tears you apart."

Invisible Touch: http://www.youtube.com/watch?v=sNilkSLc_aI

Against All Odds: http://www.youtube.com/watch?v=uVjEcIANv1o

A Groovy Kind of Love: http://www.youtube.com/watch?v=STWN2yMeSlE

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Pessoas Elvis e Pessoas Beatles

Quentin Tarantino, em uma das cenas cortadas de Pulp Fiction, lançou uma pergunta que martela a minha mente até hoje: seria eu uma pessoa Elvis ou uma pessoa Beatles? Não se trata aqui de uma questão de preferência, e sim, de quem você é, em geral. Hoje resolvi aprofundar na questão e procurar entender o que faz de uma pessoa Elvis ou Beatles. Os "garotos de Liverpool", ou "Fab Four" ("Quarteto Fantástico"), como eram chamados, obtiveram fama, popularidade e notoriedade até hoje inéditas para uma banda musical, e se tornaram a banda de maior sucesso e de maior influência do século XX. Considerado o grupo musical mais bem-sucedido da história, sendo os seus membros aclamados por público e crítica, com mais de um 1 bilhão de álbuns vendidos em todo o mundo. O Rei do Rock, ou Elvis The Pelvis, ficou conhecido por sua maneira extravagante e ousada de dançar. Uma de suas maiores virtudes era a voz, sendo avaliado como um dos maiores e por outros como o melhor cantor popular do XX. Trinta anos depois de morrer, Presley ainda é o artista solo detentor do maior número de "hits" nas paradas mundiais e também é o maior recordista mundial em vendas de discos em todos os tempos com mais de 1 bilhão de discos vendidos em todo o mundo. Entretanto, a discussão não é objetiva e sim, subjetiva. São os traços de personalidade que marcam o antagonismo, sendo certo que não há como a pessoa ser, ao mesmo tempo Elvis e Beatles.
A pessoa Elvis é aquela que valoriza a família e as tradições. De formação religiosa cristã, não se aventura pelas incertezas do ocultismo. É uma pessoa vibrante, animada, atenciosa aos amigos. Procura aproveitar o máximo da vida. Gosta de comer e beber bem. Gosta de luxo, de glamour. Com muito entusiasmo e energia, se empenha em novas tarefas sem se preocupar em terminá-las. É o tipo de pessoa agregadora, que busca atender e agradar a todas e evita conflitos interpessoais ou situações tensas. Prefere construir ambientes harmônicos em que todos se sintam bem. As pessoas Elvis são grandes contadoras de histórias. Podem passar horas com os amigos relembrando velhos casos e piadas. São apaixonados. Deixam a emoção tomar conta da razão. Deixam transparecer auto-estima elevada e por isso atraem pessoas para sua companhia. Essas pessoas tem que tomar cuidado para não serem egocêntricas ao extremo, o que pode causar inveja dos outros, egoísmo e transformá-lo em uma pessoa solitária. A pessoa Beatles é antenada, ligada ao futuro e às possibilidades. Aberta a novas aventuras, não tem medo de explorar as forças espirituais. É discreta em suas ações, mas tem o poder de conquistar o respeito e o reconhecimento de todos. Não se deixa levar pela frivolidades do mundo. Tem os pés no chão. Acredita na força do trabalho, da concentração e sabe que o sucesso vem do esforço. Prefere ter poucos, mas fieis amigos à congregar um monte de aproveitadores. É uma pessoa mais reservada em suas ações, mas não tem medo de expor suas opiniões e brigar por elas em todos os níveis. Tem orientação política e filosófica definidas, geralmente de posições radicais. Não tem apego a costumes e tradições, nem tampouco a ícones. Não faz questão de estar em companhia de pessoas que não acreditem em suas opiniões ou critiquem suas atitudes. Tem certeza de que são os melhores e não precisam de ninguém para dizer-lhes isso. E você, é Elvis ou Beatle?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

84 Big Mac´s? Fica pra próxima.

E eu que achei que tinha uma grande história para contar aos leitores (se é que ainda existem) após o último final de semana, em que eu, o Caique e a Roberta juntos, compramos 84 Big Mac´s. Mas eis que domingo, no já tradicional encontro da turma (agora no Outback - estamos procurando um novo local) o Tibúrcio (nome fictício) me vem com uma que engasgou a Roberta por alguns minutos e deixou o Gustavo quase mijado de tanto rir (e a mim também, sorte que eu não estava bebendo nada quando ele contou). Vocês imaginem que o Tibúrcio, que tirou carteira de motorista há pouco tempo, resolveu ir de férias para Gonçalves (nome fictício). Não, ele não foi de carro. Preferiu ir de avião e, chegando lá, decidiu-se por alugar um carro para conhecer as praias mais "animais", que ficavam longe da cidade. E lá foram ele e a namorada. Um dia de carro, muitas praias, dois dias, novas praias. No final do segundo dia (ou terceiro, não sei), voltando para Gonçalves, parou em um posto de gasolina da estrada. Lava o parabrisa, calibra o pneu e pede para colocar R$ 50,00 de gasolina. Vai ao banheiro. Quando volta, verifica que a chave do carro já está na ignição. Agradece ao frentista paga e arranca. Arranca levando a mangueira, a bomba e quase que o posto inteiro junto. Escuta os gritos, olha pelo retrovisor. Todo mundo correndo atrás do carro. O Tibúrcio só percebeu que havia arrancado o carro com a mangueira ainda no tanque, quando parou. Acreditem que ele não sentiu que o carro estava puxando nada de diferente (como uma bomba de gasolina). Depois da discussão no local, Tibúrcio deixou o telefone com o frentista de se mandou. Chegando em Gonçalves, devolveu o carro à locadora, sem mencionar o amassado no tanque de combustível (o carro tinha seguro). "Eles também não perguntaram", explicou. E a mulher do posto ligou, para tratar do prejuízo e foi recebida do outro lado pelo Tibúrcio, educado, que disse: "Não vou pagar nem fodendo. A culpa é do frentista burro que deixou eu arrancar. O carro não é meu. Se vira que eu não tenho nada com isso."
Obs.: Os nomes reais foram preservados para evitar questionamentos judicias futuros. Eu gostaria de voltar ao tema do blog (música como pano de fundo para histórias). Acontece que esta precisava ser contada.
Obs. 2: O atendimento do Outback de Belo Horizonte está cada vez pior. O André (garçom) que me perdoe, mas Martinha não dá...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Tecnicalidades

Essa da Roberta me lembrou aquela piada da moça que acordou na segunda-feira para ir trabalhar, com muito desânimo, mas como o marido era desempregado e eles precisavam de dinheiro, estavam recém casados, não podia se atrasar para o trabalho. A moça acordou, se preparou, tomou café, deu um beijo no marido que ainda dormia, conseguiu com muito esforço fazer com que o Chevette 87 funcionasse e lá se foi. Após duas esquinas, carro morre e não funciona por nada. Muito cedo, ninguém na rua, a moça resolveu voltar em casa e chamar o marido para ajudá-la. Quando ela chega em casa, se depara com o marido e a filha da vizinha na sua cama. Sem ter a quem apelar, e desgostosa com a vida, a moça escreve ao correio sentimental do jornal, explicando a situação e rogando por uma resposta para seus problemas. A resposta foi imediata:

“Prezada Senhora, quando um carro pára, depois de haver percorrido uma pequena distância, isso pode ter ocorrido devido a uma série de fatores. Comece por verificar se tem gasolina no tanque. Depois veja se o filtro de gasolina não está entupido. Verifique também se tem algum problema com a injeção eletrônica. Se nada disso resolver o problema, pode ser que a própria bomba de gasolina esteja com defeito, não proporcionando quantidade ou pressão suficiente nos injetores. Espero ter ajudado.”

Ou seja, não é o que a moça queria ouvir, mas, tecnicamente, responde a pergunta. No Natal, eu dei uma vaquinha de pelúcia para a Roberta, que veio com certidão de nascimento e tudo mais. Chama Estrela. A Estrela precisava de um banho e a Roberta decidiu que antes de qualquer coisa, e para não estragar o bichinho, deveria consultar a empresa sobre os procedimentos. Aí vai o e-mail que ela mandou:

"-----Mensagem original-----> De: ROBERTA> Enviada em: segunda-feira, 11 de maio de 2009 19:15> Para: happytown@happytown.com.br> Assunto: Cliente falando conosco !!!> > De fale conosco para Happy Town> roberta carvalho diz:

oi, eu tenho uma vaquinha de nome estrela cuja principal caracteristica e o companheirismo. so que ela esta precisando de banho. gostaria de saber como se deve proceder a lavagem da estrela. ela nao tem som, nem cheiro, somente a estrela da vida. desde ja agradeço." A resposta foi igualmente imediata:

"From: happytown@happytown.com.br to: Roberta Carvalho Subject: Happy Town.> Date: Tue, 12 May 2009 09:09:09 -0300

Olá Roberta,

Instruções de lavagem na máquina: •Remover chip ou perfume (caso houver); •Lavar separadamente; •Lavar dentro de um saco de pano; •Usar somente sabão neutro; •Não torcer; •Secar à sombra.

Na lavanderia: •Lavagem à seco.

Atenciosamente,

Kelly Fone: 2597-8140 Skype: kelly-ht. Happy Town: Aqui Você faz Amigos!!!! "

São tecnicalidades.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Quando nem o pai adianta mais

Olá queridos leitores, aqui quem vos fala é a Robertinha. Em sua postagem de ontem, o Edinho falou sobre o Rubinho. Hoje eu vos falo sobre o Massa. O texto abaixo foi publicado em http://msn.lanceactivo.com.br/blogdetail.aspx?idpost=21320&profileid=105. Infelizmente não tenho o nome do autor, para creditá-lo corretamente. Espero que gostem tanto quanto eu quando li. Beijos... E aguardem o próximo post...será bombástico... ----------------------------------------------------------------
Massa, nem meu Corsinha tem de economizar combustível!! Após anos acompanhando a F-1, eu achava que já havia visto todas as lambanças possíveis e imagináveis. Estava redondamente enganado. Não satisfeita com as as intermináveis presepadas que tiraram o título de Felipe Massa em 2008, a Ferrari mostrou no GP da Espanha que sua incompetência atual é como o horizonte. Não tem limites. Agora me digam uma coisa. Se eu, que ganho uns trocados, nunca tive de economizar uma gota de combustível e posso acelerar o meu detonado Corsinha o quanto quiser - por mais que ele não passe de 120Km/h por causa da idade avançada -, como um sujeito que ganha milhões de euros justamente para acelerar o máximo e tirar milésimos de diferença deve se sentir recebendo uma ordem para tirar o pé??!! O diálogo entre o engenheiro da Ferrai e Massa foi uma das maiores fanfarronices que vi na F-1. - Felipe, you have to slow down to spare fuel (você precisa diminuir a velocidade para economizar combustível) Como é que é, cara-pálida??!!!! Como bem disse meu pai, Felipe deveria ter respondido em mezzo italiano, mezzo português. - Vafanculo! Mas que cazzo de scuderia é essa??!! Como uma equipe que gasta MILHÕES por ano permite uma palhaçada dessas??!! Stefano Domenicali e Luca de Montezemolo deveriam pedir desculpas públicas aos tifosi e demitir metade da turma de Maranello-Fiorano! Ou então façam como o 02! Pede para sair!! Quem estava certo era o tricampeão Niki Lauda. Ao analisar a caótica situação da escuderia - mesmo antes da lambança em Barcelona - o austríaco definiu o momento atual da Ferrari de forma precisa. - É a política do spaguetti! Ou alguém pode imaginar que tais coisas aconteceriam na época de Jean Todt, Ross Braw e Schumacher???

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sobre a Importância do Pai

Neste domingo, enquanto eu assistia, mais uma vez decepcionado, a corrida de Fórmula 1, eu finalmente entendi o motivo pelo qual o Rubinho tem sido, ao longo dos últimos anos, vítima das maiores injustiças e safadezas promovidas pelas equipes pelas quais passou. Logo com ele, grande piloto, reconhecido acertador de carros, e que, segundo publicou a Folha de São Paulo, na corrida do último domingo inclusive preparou o acerto do carro que foi copiado integralmente pelos engenheiros de Button. Agora, depois da confusão das estratégias, tudo passou a fazer sentido. O que falta para o nosso herói é levar o pai para os boxes. Isso mesmo. O Massa leva o pai, o Hamilton leva o pai, o Alonso leva o pai. Se vocês forem reparar, com esses caras não tem sacanagem durante a corrida não. Os chefes de equipe fazem tudo para eles ganharem. Acho que ficam pressionados pela figura do pai dos pilotos ao lado deles. Aposto que o pai do Massa, em uma ou duas oportunidades já teve que falar mais grosso com o Stefano Domenicali (Chefe da Ferrari): "O meu filho não vai fazer três paradas não!" ou, "O meu filho não vai por pneus duros agora não!". Ou seja, tem que ter alguém lá para por moral durante a corrida, senão o pessoal da equipe faz o que quer. Por isso, acho que a gente precisa fazer uma campanha. A partir de hoje: RUBINHO, LEVA O PAPAI!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Raimundo Fagner

Após um mês de merecidas férias, o blog voltou! Tô brincando. Não foi isso não. É que eu resolvi tirar um mês sabático no blog, tava precisando reorganizar os pensamentos. Não, também não era isso não. Só não estava com vontade de escrever no blog mesmo. A Roberta todo dia vinha me encher, dizendo que ninguém mais ia ler o blog quando eu voltasse a escrever. Mas a verdade é que antes de eu ter blog, ninguém lia mesmo. Agora, já são 85 posts. Nunca imaginei que pudesse chegar até aqui, e a Carol sabe bem disso. Voltei porque tenho algo guardado que eu quero divir com vocês (se é que alguém ainda está por aí). Outro dia eu estava matando o tempo na Leitura com a Roberta, esperando o cinema começar, quando vi um livro da Florbela Espanca na estante. Imediatamente corri e peguei. Queria mostrar para a Roberta quem era a autora de "Fanatismo", que eu conheço desde pequeno como a música do Fagner. Pouca gente sabe mas eu cresci ouvindo Fagner por influência do meu pai, que até onde eu sei, gosta de três artistas, nessa ordem: 1 - Queen, 2 - Fagner, 3 - Paralamas do Sucesso. Florbela Espanca, hoje eu sei, foi uma poetisa portuguesa do início do século XX, autora de sonetos delicados e confessionais, de impressionante contemporanidade, que lembram muito a obra de Vinícius de Moraes. Entretanto, apesar de ter crescido ouvindo Fagner, fui conhecer a Florbela Espanca apenas recentemente, quando vim para Brasília. Foi a Dadá quem me mostrou "Fanatismo", retirado de um recorte de jornal que ela tinha dado para a Janaína. Quando eu bati o olho disse: "mas essa é a música do Fagner!". Aí que eu fui entender. Além de "Fanatismo", Fagner ainda musicou outros dois poemas de Florbela: "Fumo" e "Tortura". Para mim, nada se compara a "Fanatismo", que considero um dos mais belos poemas de amor da história, e que eu dedico, hoje e sempre, à Roberta! Te amo!
Fanatismo
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!..."
Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade (1923)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Salmo 108

1: Ao mestre de canto. Salmo de Davi. Ó Deus de meu louvor, não fiqueis insensível, 2: porque contra mim se abriu boca ímpia e pérfida. 3: Falaram-me com palavras mentirosas, com discursos odiosos me envolveram; e sem motivo me atacaram. 4: Em resposta ao meu afeto me acusaram. Eu, porém, orava. 5: Pagaram-me o bem com o mal, e o amor com o ódio. 6: Suscitai contra ele um ímpio, levante-se à sua direita um acusador. 7: Quando o julgarem, saia condenado, e sem efeito o seu recurso. 8: Sejam abreviados os seus dias, tome outro o seu encargo. 9: Fiquem órfãos os seus filhos, e viúva a sua esposa. 10: Andem errantes e mendigos os seus filhos, expulsos de suas casas devastadas. 11: Arrebate o credor todos os seus bens, estrangeiros pilhem o fruto de seu trabalho. 12: Ninguém lhes tenha misericórdia, nem haja quem se condoa de seus órfãos. 13: Exterminada seja a sua descendência, extinga-se o seu nome desde a segunda geração. 14: Conserve o Senhor a lembrança da culpa de seus pais, jamais se apague o pecado de sua mãe. 15: Deus os tenha sempre presentes na memória, e risque-se da terra a sua lembrança, 16: porque jamais pensou em ter misericórdia, mas perseguiu o pobre e desvalido e teve ódio mortal ao homem de coração abatido. 17: Amou a maldição: que ela caia sobre ele! Recusou a bênção: que ela o abandone! 18: Seja coberto de maldição como de um manto, que ela penetre em suas entranhas como água e se infiltre em seus ossos como óleo. 19: Seja-lhe como a veste que o cobre, como um cinto que o cinja para sempre. 20: Esta, a paga do Senhor àqueles que me acusam e que só dizem mal de mim. 21: Mas vós, Senhor Deus, tratai-me segundo a honra de vosso nome. Salvai-me em nome de vossa benigna misericórdia, 22: porque sou pobre e miserável; trago, dentro de mim, um coração ferido. 23: Vou-me extinguindo como a sombra da tarde que declina, sou levado para longe como o gafanhoto. 24: Vacilam-me os joelhos à força de jejuar, e meu corpo se definha de magreza. 25: Fizeram-me objeto de escárnio, abanam a cabeça ao me ver. 26: Ajudai-me, Senhor, meu Deus. Salvai-me segundo a vossa misericórdia. 27: Que reconheçam aqui a vossa mão, e saibam que fostes vós que assim fizestes. 28: Enquanto amaldiçoam, abençoai-me. Sejam confundidos os que se insurgem contra mim, e que vosso servo seja cumulado de alegria. 29: Cubram-se de ignomínia meus detratores, e envolvam-se de vergonha como de um manto. 30: Celebrarei altamente o Senhor, e o louvarei em meio à multidão, 31: porque ele se pôs à direita do pobre, para o salvar dos que o condenam.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Saudades de Casa

Acabo de receber este e-mail da minha mãe:
"Aos meus filhos, Edinho e Caíque. Li esta mensagem e me senti como o autor em muitos trechos dela. Com certeza os pais querem sempre o melhor, do melhor, para os filhos! A vontade é de sempre, creiam, não desgrudar de vocês, não deixar que nada os amole ou assuste e, principalmente, que vocês tenham sempre saúde, alegrias, paz, felicidade e amor. A dor no peito de ver um filho saindo de casa, como vocês o fizeram, chega a ser realmente dilacerante....Saudades a toda hora...sempre! O lugar à mesa, o quarto vazio, a comida predileta, a falta de "gritar " o nome (sei que grito...rssss), tudo faz lembrar vocês. Mas a gente sabe que a vida é assim, que o Gibran foi brilhante em seus pensamento e que, principalmente, embora os pais nunca entendam direito realmente: 'Vossos filhos não são vossos filhos, mas são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Eles vem através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. (...) Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.' Continuando.....Primeiro foi o Edinho.....pensei que iria morrer! A dor foi sufocante! Dez anos depois, a mesma dor, tão sufocante quanto a primeira. E eu que pensei que ia "tirar de letra".....Afinal, pensava eu, já tinha acontecido uma vez! Mas filhos são sempre "únicos" para os pais....O amor por vocês é sempre incondicional!!! Para completar, um filho foi trabalhar fora e o outro foi estudar.....Não esperava pela "dose dupla"! Mas é a vida de vocês e o mundo os aguardava. Sei que vocês sempre se esforçaram, que estão bem e que são sempre motivo de orgulho para mim e para o pai de vocês. Ficar sem vocês neste últmos tempos tem doído muito. De repente me ver sozinha não foi fácil...Em geral não ter conversas, risadas, não ter a presença de alguém que fique um pouquinho comigo, que me ama, que me dê carinho, pode parecer algo egoísta, mas é a minha realidade. O que me conforta é saber que vocês estão bem, seja onde for. E, mais importante ainda é que sempre vou estar a esperar por vocês, porque.... 'O lar não é o lugar de se ficar, mas para onde voltar'. Voltem sempre! Amo vocês! Mamis."
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Este é o texto que acompanhou o e-mail:
A Lua que não dei !
Cecílio Elias Netto
Compreendo pais - e me encanto com eles - que desejariam dar o mundo de presente aos filhos. E, no entanto, abomino os que, a cada fim de semana, dão tudo o que filhos lhes pedem nos shoppings onde exercitam arremedos de paternidade. . . E não há paradoxo nisso. Dar o mundo é sentir-se um pouco como Deus, que é essa a condição de um pai. Dar futilidades como barganha de amor é, penso eu, renunciar ao sagrado.Volto a narrar, por me parecer apropriado à croniqueta, o que me aconteceu ao ser pai pela primeira vez. Lá se vão, pois, 45 anos. Deslumbrado de paixão, eu olhava a menina no berço, via-a sugando os seios da mãe, esperneando na banheira, dormindo como anjo de carne. E, então, eu me prometia, prometendo-lhe: 'Dar-lhe-ei o mundo, meu amor.' E não lhe dei. E foi o que me salvou do egoísmo, da tola pretensão e da estupidez de confundir valores materiais com morais e espirituais.Não dei o mundo à minha filha, mas ela quis a Lua. E não me esqueço de como ela pediu, a Lua, há anos já tão distantes. Eu a carregava nos braços, pequenina e apenas balbuciante, andando na calçada de nosso quarteirão, em tempos mais amenos, quando as pessoas conversavam às portas das casas. Com ela junto ao peito, sentia-me o mais feliz homem do mundo, andando, cantarolando cantigas de ninar em plena calçada. Pois é a plenitude da felicidade um homem jovem poder carregar um filho como se acariciando as próprias entranhas. Minha filha era eu e eu era ela. Um pai é, sim, um Pequeno Deus, o criador. E seu filho, a criatura bem amada.E foi, então, que conheci a importância e os limites humanos... Pois a filhinha - a quem eu prometera o mundo - ergueu os bracinhos para o alto e começou a quase gritar, assanhada, deslumbrada: 'Dá, dá, dá...' Ela descobrira a Lua e a queria para si, como ursinho de pelúcia, uma luminosa bola de brincar. Diante da magia do céu enfeitado de estrelas e de luar, minha filha me pediu a Lua e eu não lhe pude dar.A certeza de meus limites permitiu, porém, criar um pacto entre pai e filhos: se eles quisessem o impossível, fossem em busca dele... Eu lhes dera a vida, asas de voar, diretrizes, crença no amor e, portanto, estímulo aos grandes sonhos. E o sonho da primogênita começou a acontecer, num simbolismo que, ainda hoje, me amolece o coração. Pois, ainda adolescente, lá se foi ela embora, querendo estudar no exterior. Vi-a embarcar, a alma sangrando-me de saudade, a voz profética de Kalil Gibran em sussurros de consolo:'Vossos filhos não são vossos filhos, mas são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Eles vem através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. (...) Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.'Foi o que vivi, quando o avião decolou, minha criança a bordo. No céu, havia uma Lua enorme, imensa. A certeza da separação foi dilacerante... Minha filha fora buscar a Lua que eu não lhe dera. E eu precisava conviver com a coerência do que transmitira aos filhos: 'O lar não é o lugar de se ficar, mas para onde voltar'.Que os filhos sejam preparados para irem-se, com a certeza de ter para onde voltar quando o cansaço, a derrota ou o desânimo inevitáveis lhes machucarem a alma. Ao ver o avião, como num filme de Spielberg, sombrear a Lua, levando-me a filha querida, o salgado das lágrimas se transformou em doçura de conforto com Kalil Gibran: como pai, não dando o mundo nem Lua aos filhos, me senti arqueiro e arco, arremessando a flecha viva em direção ao mistério.Ora, mesmo sendo avós, temos, sim e ainda, filhos a criar, pois família é uma tribo em construção permanente. Pais envelhecem, filhos crescem, dão-nos netos e isso é a construção, o centro do mundo onde a obra da criação se renova sem nunca completar-se. De guerreiros que foram, pais se tornam pajés. E mães, curandeiras de alma e de corpo. É quando a tribo se fortalece com conselheiros, sábios que conhecem os mistérios da grande arquitetura familiar, com régua, esquadro, compasso e fio de prumo. E com palmatória moral para ensinar o óbvio: se o dever premia, o erro cobra.Escrevo, pois, de angústias, acho que angústias de pajé, de í­ndio velho. A nossa construção está ruindo, pois feita em areia movediça. É minúsculo o mundo que pais querem dar aos filhos: o dos shoppings... E não há mais crianças e adolescentes desejando a Lua como brinquedo ou como conquista.. Sem sonhos, os tetos são baixos e o infinito pode ser comprado em lojas. Sem sonhos, não há necessidade de arqueiros arremessando flechas vivas.Na construção familiar, temos erguido paredes. Mas, dentro delas, haverá gente de verdade?
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Mãe, confesso que não consegui conter as lágrimas ao ler o seu e-mail, que veio de maneira inesparada e tomou, por um momento, a minha atenção, no meio de todos os problemas normais do trabalho que corria para resolver. Queria que você soubesse que se hoje eu estou aqui, é por causa de vocês. E o que me conforta é saber que não importa o que aconteça, eu posso sempre voltar para casa, onde serei recebido sempre como um herói. Te amo. E morro de saudades da minha casa.

quinta-feira, 12 de março de 2009

João Carlos Martins

Ontem a noite eu fui dormir pensativo sobre a minha vida. Fui com o coração pesado, com um sentimento esquisito de impotência diante dos acontecimentos, de fragilidade diante das pessoas. Fiquei questionando se eu não deveria sempre pensar o pior das pessoas, pré-julgar os outros, partir do princípio de que todo mundo mente. Enfim, se eu não deveria olhar para as pessoas e ver o mal, sempre. Eu não sou assim, não consigo ser assim. Foi difícil admitir pra mim mesmo que eu sou ingênuo para as relações sócio-afetivas. Mas, como disse Leoni, "a verdade sempre vem bater a porta, a gente tenha ou não vontade". As vezes eu acho que a minha vida sempre foi muito boa, muito fácil, mas depois eu vejo que as vezes eu é que a conduzi de maneira superficial, achando que os problemas poderiam vir e ir sem que tivesse que enfrentá-los. Era só ignorar e esperar passar. De fato, ainda acho que pode ser assim, mas descobri que desse jeito a gente acaba perdendo muito tempo e, na vida, cada minuto é precioso, e tempo não se perde. Assim, penso que a solução agora é aproveitar ao máximo o tempo, e, para isso, espero passar a encarar meus problemas pessoais de frente e sempre que eles ocorrerem. Chega da postura blasé. Hoje, pela manhã, vi que o João Carlos Martins estava na Ana Maria Braga falando justamente sobre a volatilidade, a efemeridade da vida. Ele que aos 26 anos era considerado o maior intérprete de Bach ao piano, cortou o braço com uma pedrinha enquanto estava jogando bola com os amigos e, com os nervos rompidos, perdeu os movimentos da mão direita. Para não se ver privado de sua paixão pelo piano, João Carlos se submeteu a longos tratamentos e conseguiu recuperar parte dos movimentos da mão. Entretanto, os esforços do pianista em seguir em frente acabaram por lhe punir com uma LER, uma vez que os dedos bons ficavam sobrecarregados. Desiludido, João Carlos vendeu todos os seus pianos e quis se afastar da músicas. Esquecer sua paixão. Mas Deus havia lhe dado um dom, e esse dom, de emocionar as pessoas, alegrá-las, fazer o bem pela música não poderia ser simplesmente deixado de lado. Após alguns anos, João Carlos retomou a profissão, dessa vez utilizando somente a mão esquerda, obtendo sucesso mundial. Entretanto, a a vida voltou a golpear João Carlos. Enquanto realizava um concerto em na Bulgária, o músico foi atacado com um golpe na cabeça que lhe fez perder parte do movimento de mãos novamente, e, ao se esforçar para continuar tocando, sofria com intensas dores em suas mãos, principalmente na mão esquerda. Desiludido, pensou que nunca mais iria tocar piano. Mas persistente e apaixonado que era, João voltou a se submeter a tratamentos, treinamentos e, mais uma vez encontrou uma forma de tocar, utilizando os dedos que podia em cada mão. O tempo foi passando e João Carlos, com cada vez mais dificuldade de se apresentar ao piano, resolveu tornar-se maestro, mesmo sendo incapaz de segurar a batuta ou virar as páginas das partituras dos concertos. Nesse caso, o pianista, agora maestro, faz um trabalho minucioso de memorizar nota por nota e ensina música, gratuitamente, para jovens carentes em São Paulo. Esse mesmo João Carlos que contou hoje que, no final dos anos 60, desfrutando de grande sucesso mundial, após um recital no Carnigie Hall em Nova Iorque, ao receber os cumprimentos de Salvador Dalí que estava na plateia, ouviu também a recomendação do mestre pintor: "Diga a todos que você é o maior intérprete de Bach, algum dia vão acreditar. Faz muitos anos que digo ser o maior pintor do mundo e já há gente que acredita". João Carlos pode não ser o maior pianista do mundo, mas com certeza tem uma das mais belas histórias de superação dos problemas da vida, que sempre encarou com otimismo e esperança. Toda vez que eu o ouço tocar, eu choro. É certamente uma das mais emocionantes experiências. Veja:

terça-feira, 10 de março de 2009

Lily Allen

Eu costumo dizer que quando o assunto é música, meu relógio anda com 20 anos de atraso. Ou seja, gosto de músicas lançadas há pelo menos 20 anos. Atualmente estou começando a revisitar os anos 90. Aliás, esta é a nova tendência das festas Flashback. Entretanto, de tempos em tempos, algumas coisas novas aparecem e me fazem renovar as esperanças pelo futuro criativo da música. Ainda dá para fazer coisa boa. E eu gosto disso, porque me sinto em compasso com o meu tempo. Pensando muito sobre o assunto, concluí que vou ficar triste no futuro se eu me descobrir, daqui há 20 anos por exemplo, um grande fã do NXZero, como eu sou, por exemplo, dos Smiths. Quando a banda nem mais existir, quando os membros morrerem, se aposentarem ou tiverem brigado, sendo que eu poderia ter acompanhado toda a movimentação, os lançamentos, os shows e a formação original, tudo agora. (Quero deixar claro que o NXZero foi apenas um exemplo). Mas é que já me aconteceu. Quando eu morei nos Estados Unidos, eu não gostava de música country. Aliás, eu odiava. E, entretando, era só o que fazia sucesso por lá. Hoje eu fico aqui correndo atrás dessas músicas com um louco na internet. E advinhem? Eu gosto delas por me fazerem lembrar do tempo em que eu morei por lá. As letras, o som, tudo me lembra aquela época da minha vida que não volta mais. Falando de artistas contemporâneos, eu logo que ouvi gostei da Amy Winehouse. Trouxe de volta o glamour e o som das divas da soul music, como Aretha Franklin, com o frescor do novo milênio. E com a vantagem de gostar de ska. Para quem duvida, basta ouvir a sua versão para Monkey Man, do Specials, que encerra o dvd Back to Black. Gostei também da Joss Stone, da Duffy, mas achei todas essas menores que Amy. É sempre assim quando é moda. Aperece o precursos e os seguidores, geralmente de segunda e terceira linha. Estamos vivendo a moda das divas cantoras na Inglaterra e acho que muitas do mesmo tipo ainda virão. Hoje eu quero destacar o álbum "It´s Not Me, It´s You", da Lily Allen, lançado no último dia 9 de fevereiro. Até ontem a noite eu acompanhava a carreira dessa cantora apenas porque ela tinha a mania de aparecer de top less nas praias e piscinas do mundo, e isso virava notícia no Terra e Globo.com. Mas lendo as críticas sobre o lançamento desse disco, vi que os críticos diziam que a cantora havia deixado o ska de lado. Aí eu pensei: ela fazia ska? Gostando de ska como eu gosto, corri atrás e vi que sim. Era ska. Mas um ska 2009. Ska com batida de hip hop, com vocais de rap, com samplers de música jamaicana dos anos 60, rocksteady. Ou seja, percebi que o ska que eu conhecia estava também parado no tempo, e se o ska fizesse sucesso hoje, soaria assim. O No Doubt hoje seria assim. O disco do qual eu trato hoje realmente não é ska. A inspiração é New Wave e é muito bom. Eu me apaixonei por uma música em especial nele, chamada Fuck You. Não é novidade nenhuma pra quem que conhece que eu gosto de música com palavrão, daí o meu gosto pelo funk carioca. Nesse caso, Lily Allen conseguiu uma melodia linda, alegre, contagiante, típica daquelas músicas bobinhas dos anos 60 (na verdade, é um sampler de Chain Reaction, gravada por Diana Ross), com introdução digna das melhores música dos Carpenters e a letra, surpreendentemente, crítica e nervosa. O legal é que a letra não tem nada a ver com a melodia da música. Escrita, segundo a cantora, como um protesto contra o BNP (British National Party), um partido de extrema direita da Inglaterra. Escutem Fuck You e vejam que, na música, algumas vezes, a melodia pode não ter nada a ver com a letra e mesmo assim a música ser ótima. A partir de hoje, acompanho a carreira musical de Lily Allen.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Carnaval

Como diria o Diogo, "é Carnaval mocidade". O Carnaval se aproxima e agita o país mais uma vez. Para uns, essa é a data mais esperada do ano. (Tirei essas duas frases do Jornal Nacional). Estaremos, mais uma vez, reunidos em Ouro Preto, e todos que leem esse blog estão convidados para o nosso "Bloco do Pijama", como o Luciano gosta de dizer. Esse ano a expectativa é grande, já que todos os participantes tradiconais confirmaram a presença. Eu já posso ouvir a voz do Flavinho bebado me chamando à toa, já temo pelos carros parados na rua que encontrarem o caminho do Luciano voltando para casa. Posso ver o Diogo vermelhão, com a recorrente alergia a cerveja, que eu acho que, na verdade, é causada pela mistura bombástica de cerveja barata e mulher feia. Posso ainda ver o Yan e o Lino esperando todo mundo acabar de comer para atacar as panelas da Glória, sabendo que o melhor está no final. Enfim, estava com saudades dessa alegria anual, que teve um recesso no ano passado mas voltou com tudo esse ano. Só vai faltar o Caíque, já em idade de folia, que ia ser bem engraçado se pudesse estar conosco. Eu tinha prometido que em fevereiro o blog ia ter só histórias de Carnaval, mas acabou que não deu pra postar. Quem sabe após esse Carnaval, o blog não volte mais cheio ainda de novas histórias. Estamos de olho nesse BBB. Quem será que vai ficar no quarto do líder? Quem vai protagonizar o paredão? Façam suas apostas...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

MILLOR FERNANDES

Bem... como podem perceber, esse não é o tipo de coisa que veriam aqui... mas uma invasão pode também ser uma boa surpresa... então... ------------------------------------------------------------------------------------------------- Poesia Matemática "Às folhas tantas dum livro matemático Um Quociente apaixonou-se Um dia Doidamente Por uma Incógnita. Olhou-a com seu olhar inumerável E viu-a, do Ápice à Base... Uma Figura Ímpar; Olhos rombóides, boca trapezóide, Corpo ortogonal, seios esferóides. Fez da sua Uma vida Paralela a dela. Até que se encontraram No Infinito. "Quem és tu?" indagou ele Com ânsia radical. "Sou a soma do quadrado dos catetos. Mas pode-me chamar de Hipotenusa. "E de falarem descobriram que eram O que, em aritmética, corresponde A almas irmãs Primos-entre-si. E assim se amaram Ao quadrado da velocidade da luz. Numa sexta potenciação Traçando Ao sabor do momento E da paixão Rectas, curvas, círculos e linhas senoidais. Escandalizaram os ortodoxosdas fórmulas euclidianas E os exegetas do Universo Finito. Romperam convenções newtonianas e pitagóricas. E, enfim, resolveram-se a casar Constituir um lar. Mais que um lar. Uma Perpendicular. Convidaram para padrinhos O Poliedro e a Bissectriz. E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro Sonhando com uma felicidade Integral E diferencial. E casaram-se e tiveram uma secante e três cones Muito engraçadinhos. E foram felizes Até aquele dia Em que tudo, afinal, Vira monotonia. Foi então que surgiu o Máximo Divisor Comum... Frequentador de Círculos Concêntricos. Viciosos. Ofereceu-lhe, a ela, Uma Grandeza Absoluta, E reduziu-a a um Denominador Comum. Ele, Quociente, percebeu Que com ela não formava mais Um Todo. Uma Unidade. Era o Triângulo, Tanto chamado amoroso. Desse problema ela era a fracção Mais ordinária. Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade. E tudo o que era espúrio passou a ser Moralidade Como aliás, em qualquer Sociedade."

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Darvin

Olá pessoal. Esse é mais um texto da Roberta:
Em janeiro de 2005 ou 2006, não me lembro ao certo, estava de férias com minha família em Cabo Frio quando ouvi falar num festival de rock que haveria la. Não sei o nome desse festival, mas me lembro que era algo alternativo, ou pelo menos para mim, já que das 10 bandas que iriam se apresentar eu só conhecia uma: o CPM 22. E foi por isso, e pelo fato de eu realmente gostar de hardcore, que comprei o passaporte (além de não vender só um dia separado...). E lá fui eu com a Ana para o festival. Como o CPM22 só iria se apresentar no domingo, eu não estava muito animada quando saí de casa no sábado. Mas, como diz o Edinho, é sempre bom conhecer coisas novas. E foi nesse espírito que conheci o Darvin. Eles são uma banda de hardcore adolescente (ou vice-versa) e apesar de terem letras meio infantis, a batida me conquistou na mesma hora. E, como sempre, eu comprei um cd, que na verdade escuto até hoje. Domingo passado, voltando de Bambui, ao parar em um buteco de beira de estrada em Martinho Campos, vi o cartaz de uma festa que havia acontecido em Dores do Indaiá, e qual foi a minha surpresa ao ver que a atração principal era o Darvin. Foi estranho ouvir falar deles depois de tanto tempo e fiquei pensando se o som deles ainda seria o mesmo. Acho que não, mas gostaria relamente de saber. E caso alguém saiba de algum show deles me avise por favor. E ouçam minha sugestão, acho que vão gostar. Pelo menos da melodia...
Ate o amanhecer: http://br.youtube.com/watch?v=9prVyKiLKCA

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Chico Science & Nação Zumbi

Outro dia lembrei que já fui o Chico Science. Isso foi nos idos de 2001. Primeiros dias de faculdade. Aula de Introdução ao Estudo do Direito ou alguma matéria dessas básicas que o valha. O professor, um garotão, cismou que eu era parecido com o Chico Science e começou a me chamar de Chico Science. Rapidamente, o apelido chegou a Chico. E nunca passou disso. Ao contrário do que o Tio Didi defende, que os primeiros dias de faculdade são definitivos na formação da sua imagem e como você vai ficar conhecido, o apelido não pegou. Se bem que eu realmente era mais parecido com o Henrique Portugal do Skank que o Chico Science propriamente dito. O que pegou foi Edinho. Logo no primeiro dia de aula na Milton Campos, na aula de Metodologia, a professora pediu a cada um que disesse seu nome e por que havia escolhido o curso. Na minha vez eu disse "Edinho" e que gostava de escrever, e fazer Direito era a única maneira de ganhar dinheiro escrevendo nesse país. É o Araki quem gosta de repetir essa história. O Lucas, professor de IED, continuou me chamando de Chico Science durante todo o ano em que nos deu aula. E eu me identificava muito com esse professor pelo fato de ele gostar de rock, ter tido banda, ter sido intercambista. De alguma forma a gente compartilhava de um mundo parecido. E isso me fez ser bastante popular no início da faculdade, porque eu era retratado para os colegas, pelo professor mais popular, como um cara diferente e legal. Um dos raros shows do Silent Bob foi inclusive na festa de encerramento de um seminário de Filosofia do Direito promovido pela faculdade, mas deixa essa história pra depois. Na verdade, eu nunca fui muito fã do Chico Science não, mas, ouvindo no carro outro dia, tenho que reconhecer que o cara teve o seu valor no rock nacional. O Lobão falou uma vez que quando ouviu Chico Science pela primeira vez pensou: "estamos no primeiro mundo". De fato, depois da bossa nova, apenas Science conseguiu inovar na música, criando algo além da simples mistura de ritmos que a gente vê por aí toda hora. Criou uma forma de compor, letra e música. Uma forma de retrar o Brasil que geralmente fica à margem do rock. Ponto pra ele.
P.s.: A sugestão é ouvir "Rio 40 Graus" com Chico Science e Fernanda Abreu, mas eu não achei essa no Youtube. Assim, procurem, se tiverem curiosidade. Ele transformou a música chata em obra de arte.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Talking Heads

Escolhas. No início dos anos 2000, dois grandes shows movimentaram Ouro Preto. Um, o mais famoso, do Skank, que virou um DVD "MTV Ao Vivo", o outro, menos famoso mas não menos cheio, do Jota Quest. Eu devia ter uns 16 ou 17 anos, e o costume era passarmos todo o mês de julho, ou uma parte dele, em Ouro Preto, no Festival de Inverno. Durante o Festival de Inverno a cidade estava sempre movimentada, cheia de jovens que se achavam artistas hippies e, principalmente, cheia de meninas doidinhas vindas de São Paulo. Esse universo povoava as noites da cidade, que passavam a ser regadas por algum programa cultural na Praça Tiradentes, como o show do UAKTI, um amontoado de barulhinos na noite fria. Entretanto, nesses festivais, em meio a muito frio e vinho chapinha (que eu não bebia, é óbvio), costumavam aparecer uma ou duas bandas grandes, geralmente no dia 8 de julho, data em que é comemorado o aniversário da cidade. Nesses dias, o show era o evento obrigatório. Toda a cidade, e muita gente vinda de BH, Itabirito e região, se reunia na Praça Tiradentes para o show de graça. Me lembro bem do show do Jota Quest. Cidade lotada, meus primos de Belo Horizonte se aprontando, eu e os meninos em Ouro Preto para o festival de inverno. Palco montado. Grande estrutura. Você poderia achar que eu iria ao show do Jota Quest. Escolhas. O show rolando na praça e eu, Leo, Diogo, resolvemos ir prestigiar o show da Banda Marakujina, que ia ocorrer na mesma noite. Isso é que é ser alternativo. A Marakujina não passava de uma bandinha pop-rock de garagem de Ouro Preto, mas eu gostava do show deles porque uma vez, acho que quando eu tinha 14 anos, em uma das minhas primeiras saídas, eles tocaram no CAEM (que é a "boate" de Ouro Preto). E, nesse show, mandaram o que só depois eu descobriria se tratar de Psycho Killer, do Talking Heads. Me amarrei no "fa fa fa fa" e nasceu o mito Marakujina. Se fosse hoje, com certeza iria no show do Jota Quest, não por gostar da banda, mas por não ter o menor sentido trocar um show profissional, cheio de sucessos, com grande som, luz, por um showzinho mediocre de uma bandinha de fundo de quintal, ainda pagando. Para piorar, é óbvio que o show da Marakujina começou após o do Jota Quest. O que lembro, me deixou puto na época. Desse episódio, fica o Talking Heads, motivo pelo qual eu gostava dos shows do Marakujina. Essa é uma banda revolucionária liderada pelo igualmente doido David Byrne, que promovia uma fusão do rock com qualquer outra coisa, sendo rock, pop, punk, new wave, intelectual, funk, barulinho, mas sem ser chato. Isso depois foi chamado de World Music, e o Sting fez parecer um porre. Quer dizer, na verdade é banda para músico. Exemplo disso é o fato de a música "Radio Head", do álbum True Stories de 1986 do Talking Heads, servir de inspiração para Thom Yorke batizar, anos mais tarde, a sua banda, o Radiohead, atual queridinha do rock e que se apresenta no Brasil em breve, com status de maior headliner do ano. No Brasil, os Talking Heads são idolatrados por gente como Herbert Vianna. Os Paralamas até chegaram a fazer uma versão de "Life During Wartime" em seu MTV Acústico. Talking Heads é uma grande referência, para mim, de experimentalismo e criatividade pop.
Ouçam Radio Head, que inspirou o nome da banda homônima: http://br.youtube.com/watch?v=QegMMLu5al4 "Fa fa fa fa": http://br.youtube.com/watch?v=l5zFsy9VIdM "Life During Wartime" - na versão original: http://br.youtube.com/watch?v=EYtExWp8vDI&feature=related

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Editorial

Pessoal, nesse primeiro editorial de 2009 eu queria dizer que é surpreendente que esse blog tenha chegado até aqui! E ainda por cima com algum fôlego. Por isso espero que em 2009 a gente possa ir ainda mais longe com essa história. Para esse ano eu pretendo mudar um pouco os ares do blog. Trazer alguns textos "de fora" que eu gosto, além de falar mais de cinema e literatura. Não, para a tristeza de alguns ainda não vou apelar para a pornografia (apesar de gostar). O importante nisso tudo continua ser o contato com os leitores. Desde que eu comecei o blog, sempre tive a curiosidade de saber quantas pessoas passam por aqui, mas nunca consegui de fato instalar um contador de acessos. Assim, resolvi fazer a pesquisa que se encontra no canto direito do site e vai ficar no ar pelos próximos 20 e poucos dias. Peço que todos respondam, de forma a deixar claro quantas pessoas visitam o blog, bem como a frequência. Isso vai servir de base para eu decidir qual será a frequência com que novos textos serão postados. Conto com vocês no voto das pesquisas. Coloquei também em cada texto a opção de ter um feedback de quem lê e não comenta. Por fim, acrescentei um quadro de seguidores, para que os mais assíduos possam mostrar a sua cara. Essas pessoas poderão falar o que acharam do texto. No mundo moderno, informação é tudo, bem como a "satisfação do cliente". É a Discoteca do Édio trabalhando para melhor servi-los. Um grande abraço.
P.s.: Alguém percebeu alguma mudança na minha descrição?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Clerks (O Balconista)

Quero fazer um desabafo sobre minhas preferências cinematográficas. Nos últimos tempos, quando converso com as pessoas sobre cinema, elas me fazem parecer um retardado mental de 12 anos de idade só porque eu digo que gosto de comédias, especialmente aquelas de high school americanas que se passam numa pacata cidade do interior, com altas gatas, jogadores de futebol pegadores e nerds, tudo tal qual narrado em riqueza de detalhes pelo Didi em seu último post. Mas o que eu queria mesmo falar com essas pessoas é que eu sei do que eu gosto e, acredite, eu entendo do assunto. Sabe aqueles caras que conversam sobre o "novo cinema alemão" de Fassbinder, o existencialismo vazio de Bergman, o cinema novo de Glauber Rocha, as criações de Fellini, a nouvelle vague de Truffaut e Godard e se perdem em enfadonhas divagações sobre a crítica social-existencialista feita a partir das lentes desfocadas e tediosas desses cineastas. Não fica parecendo que só eles entendem de cinema? Não é como conversar com alguém sobre música clássica e jazz? Ou Pelé e Garrincha, falando do Romário e do Ronaldo? Pois é, eu sei do que eu tô falando quando digo que gosto de comédia. Acho que o trabalho de mestres do quilate de John Hughes, que revolucionou o cinema ao tratar diretamente da questão do crescimento, dos ritos de passagem, do longo caminho entre a infância e a vida adulta, precisa ser ressaltado. Não é a toa que ele é reconhecido como o "filósofo da puberdade", e autor e diretor de clássicos eternos como Curtindo a Vida Adoidado (meu favorito), Gatinhas e Gatões, Quem Vê Cara Não Vê Coração, Clube dos Cinco, A Garota de Rosa Shocking, além de ser o grande idealizador do já clássico Esqueceram de Mim. O que eu mais gosto em seu trabalho é a ausência de preocupações existenciais, fator comum a todos os seus filmes. São filmes em que a gente sabe que tudo vai dar certo no final, mas o que importa é o caminho. Merece reconhecimento também o trabalho dos Irmãos Farrelly, os gênios criadores de Quem Vai Ficar Com Mary?, Debi e Lóide, Eu, Eu Mesmo e Irene, Esses Loucos Reis do Boliche, O Amor é Cego, Ligado em Você, Diga Que Não É Verdade ou Outside Providence. O que me fascina em seus filmes é a forma bem humorada com que inserem em suas histórias personagens maculados por alguma deficiência física ou mental que os diferencia dos "normais", entretanto, apenas externamente. Quem não se lembra do irmão retardado de Mary, ou do policial bipolar vivido por Jim Carrey em Eu, Eu mesmo e Irene, ou mesmo da linda história dos irmãos siameses de Ligado em Você? ou da pureza do olhar de Jack Black, que, apaixonado pela garota obesa em "O Amor é Cego", foi capaz de ver todas as suas qualidades. Um de seus segredos é a atilização de cenas de flashback para mostrar à platéia como um evento traumático do passado acompanha a vida das pessoas e forma o seu caráter. Além disso, as trilhas sonoras desses filmes sempre são maravilhosas, rejuvenescendo grandes nomes esquecidos do pop/rock americano dos anos 70 e 80 ou trazendo novas versões dessas músicas por artistas independentes. Tudo isso permeando grandes aventuras, cheias de mudanças e surpresas, que torna seus finais sempre surpreendentes e cheios de reviravoltas. Além desses, eu sou grande fã do Tarantino (mas as pessoas que me criticam também são, tornando desnecessário falar sobre ele aqui), assim como do Ridley Scott (de Top Gun) e os Irmãos Coen (vencedores de 4 Oscars). Destaco também o grande Cameron Crowe, que fez sucesso com Titanic, mas me ganhou com Picardias Estudantis, Quase Famosos, Tudo Acontece em Elizabethtown, Singles e especialmente Jerry Maguire e continua na ativa e com muito potencial pela frente. Seus filmes são conduzidos como uma canção pop, cheios de referências culturais, e que, tem em comum o fato de retratarem um importante aspecto da cultura americana: a facilidade com que as pessoas podem atingir, por seus méritos e deméritos, o sucesso e o fracasso. Entretanto, nesse post específico, eu quero apresentar aos meus leitores (menos ao Leo, Diogo, Yan, talvez a Fabi, rs...) o grande Kevin Smith! Esse cara que em 1994 e gastando apenas 27 mil dólares foi capaz de fazer com que uma comédia em preto e branco e que se passa apenas em uma loja de conveniência faturasse mais de 3 milhões de dólares, além de ser premiada em Cannes e Sundance. Trata-se de "Clerks" - no Brasil, "O Balconista". Uma verdadeira obra prima que introduz todo um universo de personagens retirados de histórias em quadrinho, linguagem de nerd e idéias mirabolantes, típicas daquelas de conversas de boteco entre grandes amigos. Não dá para deixar de assistir. Ao Balconista, seguiram-se as também obras-primas: Barrados no Shopping e Procura-se Amy. Depois, vieram Dogma, A Menina dos Olhos, O Império do Besteirol Contra-Ataca e O Balconista 2. O que impressiona é o vigor do conteúdo de seus roteiros em que importantes questões, como o racismo na américa, são discutidas com grande frescor, usando Guerra nas Estrelas como ponto de referência. Ou, discutindo a questão da homossexualidade em passagens como "Since you like chicks, right, do you just look at yourself naked in the mirror all the time?". É nessas horas que a força do script de Smith arrebata a audiência. Força que só se compara aos diálogos do mestre Tarantino. E é por isso que seus filmes transformaram instantaneamente a minha vida, dando, inclusive nome à nossa banda: Silent Bob and The Jay Jay´s. Ou seja, quem foi que disse que não há arte, pragmatismo e identidade nos filmes de comédia? Obrigado por ficarem até o final comigo neste desabafo, e não venham me falar que eu gosto de filmes bobos. Bobo é quem gosta do que não entende ou finge que gosta do que finge que entende só para se passar por inteligente.
Vejam um trecho de "O Balconista": http://br.youtube.com/watch?v=GTbusMZEL0Q

domingo, 18 de janeiro de 2009

Queen - O Show

Muita gente já me pediu pra contar como foi o show do Queen. Agora tão achando que eu não fui, ou mesmo que eu fui e não gostei. Nada disso é verdade. A verdade é que eu fui e estou sem palavras até agora para o show. Qualquer coisa que eu fale aqui vai ser menor que a experiência de ver o Queen ao vivo. Alguns irão dizer: mas que Queen é esse sem o Freddie Mercury e o John Deacon. Para esses eu respondo com uma pergunta: você já viu o Brian May e o Roger Taylor juntos e ao vivo? Tocando as músicas do Queen? Pois é... eu vi, e a magia estava presente em cada momento. O show promove o disco The Cosmos Rocks, primeiro trabalho de inéditas produzido pelo que é agora chamado de Queen + Paul Rodgers. Na verdade, pelas músicas do disco novo que foram tocadas no show, o trabalho parece ser muito bom, assimilando influências do Queen e de Paul Rodgers, dando impressão de um álbum bem original. Paul Rodgers, o "novo" vocalista do Queen acerta ao não tentar em nenhum momento competir ou substituir Freddie Mercury, e, ao fazê-lo, consegue imprimir seu grande estilo e potência vocal nas músicas do Queen, que ganham nova linha melódica com ele aos microfones. Paul Rodgers não é nenhum novato no rock. Trata-se de uma das maiores vozes do rock, atingindo grande sucesso nas bandas Bad Company e Free, onde obteve reconhecimento da crítica e êxito de vendas. O interessante é que Paul, Brian e Roger dividem muito bem os holofotes durante o show, onde nenhum deles predomina e todos têm seu momento de glória, inclusive dividindo os vocais. O show, que começa com clássicos do Queen tem seu ponto alto no final, antes do bis, quando a banda emenda uma sequência incrível de hits com "Under Pressure", "Radio Gaga", "Crazy Little Thing Called Love", "Show Must Go On", fechando com a esperada "Bohemian Rhapsody" que, confirmando a lenda do rock, não é mesmo tocada 100% ao vivo, mas causou arrepio em todos que viram, no telão, Freddie Mercury ao piano, introduzindo a música, com May e Taylor acompanhando ao vivo seguido da operetta e final apoteótico com a banda completa quebrando tudo no palco. Houve, nessa hora, grande comoção do público. Impressionante ver como o Queen tocou mais de duas horas seguidas com muito vigor. Enfim, não há palavras que possam descrever esse momento que, para o meu prazer e orgulho, pude compartilhar com o meu pai, o maior fã do Queen que eu conheço. Um desses momentos únicos na vida, que justificam qualquer sacrifício feito para estarmos lá.
Veja o set list do show:
Hammer To Fall -Tie Your Mother Down - Fat Bottomed Girls - Another One Bites The Dust - I Want It All - I Want To Break Free - C-Lebrity - Surfs Up…Schools Out! - Seagull - Love Of My Life - 39 - I’m In Love With My Car - A Kind Of Magic - Say Its Not True - Bad Company - We Believe - Bijou - Last Horizon - Under Pressure - Radio Gaga - Crazy Little Thing Called Love - Show Must Go On - Bohemian Rhapsody - Cosmos Rocks - All Right Now - We Will Rock You - We Are The Champions.
Veja Bohemian Rapsody ao vivo em São Paulo: http://www.youtube.com/watch?v=Vc3WCeAXvyk

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

No Doubt

Nesse Reveillon fiquei pensando que já estamos há quase 10 anos no "ano 2000". Curioso é que durante toda a minha vida (entre 1983 e 1999) as pessoas se referiam ao ano 2000 como se fosse a coisa mais longe, o maior sinônimo de modernidade. Eu ficava imaginando como seriam os carros no ano 2000, os computadores, as roupas... Eis que finalmente chegou o tal do ano 2000. E, pior, chegou, passou, e ficou uma sensação de que nada mudou. Cadê o futuro? Cadê os carros voadores do "De Volta Para O Futuro"? Cadê o Bug do Milênio? Eu tô com a sensação de que esperei com ansiedade demais o futuro do ano 2000, ou será que o futuro veio e, no correr do dia-a-dia, nós o atropelamos. Será que nos acostumamos com todas as novidades e hoje tratamos como se elas estivessem aqui desde sempre? Me lembro muito bem do Reveillon da virada de 1999 para o ano 2000. Eu estava nos EUA com o Yan. Estávamos programando passar as férias de janeiro de 2000 nos EUA, mas resolvemos antecipar a viagem para o dia 29 de dezembro para podermos ir a um show do ZZ Top com Lynyrd Skynyrd que seria no dia 30 (aniversário do Yan), que de fato fomos e foi inesquecível. Entretanto, a noite da virada foi decepcionante. Enquanto os meus pais americanos saíram com os amigos, eu e o Yan passamos o Reveillon baby sitting para o Chase, o Chad e mais dois amiguinhos deles, que iam dormir lá em casa. Ou seja, começamos o milênio correndo atrás de moleques de oito anos de idade. Daí uma possível explicação para a minha já conhecida falta de sorte com Reveillon (se bem que o desse ano contrariou a regra!). Daquele Reveillon o que salvou foi o "show da virada", que nos EUA, sem o ilustre Fausto Silva e os famosos fogos de Copacabana, foi comandado pela MTV, com um show do No Doubt nos estúdios da emissora, direto de Nova Iorque (isso é que é português hein!), com direito a contagem regressiva e fogos na Times Square. A diversão ficou por conta do No Doubt. Me lembro como se fosse hoje que a música que "introduziu" o "novo milênio" foi It´s the end of the world as we know it, que na minha opinião ficou muito mais legal na versão ska, com a voz da Gwen, do que na versão (já legal) do R.E.M. Lembro de ter comentado com o Yan que a diferença de estarmos nos EUA no Reveillon era que víamos uma banda de ska na TV, ao invés de um grupo de pagode ou o Daniel. Enfim, acho que nessa altura do campeonato nem o No Doubt existe mais. Para quem não conhece, o No Doubt vai muito além de "Don´t Speak", que tornou-se uma música chatíssima ao ser executada à exaustão nas rádios brasileiras em 1997/1998, mas é uma grande banda de ska third wave, que merece ser conhecida por todos os que gostam do estilo. E aguardo com ansiedade o "Bug de 2038", espero que até lá os carros já voem. Enquanto os carros não voarem, na minha cabeça, o futuro não vai ter chegado! (vale lembrar que, o futuro do De Volta Para o Futuro II se passava em 2015, ou sejá, há 6 anos de nós).
Vejam o vídeo de "It´s the end of the world as we know it" por No Doubt (o mesmo que eu vi na TV, ao vivo!): http://br.youtube.com/watch?v=ei1BZwb4wik
Veja o No Doubt (versão ska): http://br.youtube.com/watch?v=yZJIoCmIzRE
Para informações sobre o Bug de 2038: http://pt.wikipedia.org/wiki/Problema_do_ano_2038